A Máquina
O caneco do Paulistão no ano anterior deixou o São Paulo confiante para a temporada de 81. E ainda ganhou os reforços de Éwerton, estrela do Londrina, e Marinho Chagas, lateral esquerdo da Seleção que acabou perdendo a posição para Júnior, do Flamengo, pouco antes da Copa.
Porém, Carlos Alberto Silva teve problemas de saúde e se ausentou, sendo substituído por João Leal Netto e Ithon Fritzen, que se revezavam o comando. O São Paulo, com grandes atuações de Éwerton, Renato e Serginho Chulapa, chegou á decisão contra o Grêmio. Mas o Tricolor Gaúcho não quis nem saber e arrematou o título com 2 a 1 em Porto Alegre e 1 a 0 em São Paulo.
Restou o Paulistão. Carlos Alberto Silva voltou, após superar os problemas. Não começou bem, foi fazer amistosos internacionais, derrotou Milan e a Seleção do México com belas exibições e fora de casa. Parecia que ia deslanchar, mas vários empates seguidos deram uma demissão a Carlos Alberto Silva. João Leite Neto o substituiu interinamente. Mas o time andava irregular, alternando grandes partidas com desastrosas exibições. E Antônio Leme Nunes Galvão correu atrás de um técnico de prestígio. Trouxe Chico Formiga, grande volante do Santos nos anos 60 e que havia ganho o Paulistão de 1978 como treinador pelo mesmo Santos. Outra grande contratação foi Mário Sérgio. Era um grande meia, muito polêmico, que veio substituir Zé Sérgio, que havia quebrado o braço. E o Tricolor deslanchou. Em 4 de outubro, goleou o Palmeiras com 6 a 2, e Mário Sérgio fez um golaço de calcanhar!
A Ponte Preta venceu o primeiro turno, e o São Paulo ganharia o segundo. O São José surpreendeu e eliminou os grandes da final com o São Paulo: Santos e Palmeiras ficaram para trás. O Tricolor, que jogava por dois resultados iguais, perdeu o primeiro jogo por 1 a 0, mas venceu o segundo por 3 a 2. Agora era a decisão. São Paulo, campeão do segundo turno, versus Ponte Preta, campeã do primeiro turno. O primeiro jogo ficou em 1 a 1, e o segundo, Serginho fez 2 a 0. Era o bicampeonato.
Em 1982, houveram agradáveis surpresas para o São Paulo. A primeira: Um lateral esquerdo de alta qualidade havia acabado de ser revelado: Nelsinho. A segunda: o São Paulo era visto como único time capaz de enfrentar o todo-poderoso Flamengo, comandado por Zico e Júnior.
No Brasileirão, o São Paulo foi galgando as fases sem dificuldades, até parar em um time campineiro e alviverde. O Guarani venceu o São Paulo nas quartas de finais e ambos veriam o Flamengo ser campeão. E Formiga deixou o clube, rumo ao futebol árabe.
Para seu lugar, foi trazido Jose Poy. Foi goleiro do São Paulo por 13 anos, virou treinador, assumiu o São Paulo várias vezes, mas todas interinamente. Agora vinha para ficar.
O Tricolor entrou com tudo no Paulistão. Poderia ser pela primeira vez tricampeão. Mas também disputava a Libertadores, na qual fez uma campanha modesta e foi eliminado na primeira fase.
Voltando o foco ao estadual, São Paulo e Corinthians monopolizaram a disputa. O Corinthians venceu o primeiro turno, mas o São Paulo deu o troco e venceu o segundo turno. Mas na decisão não teve jeito e o Corinthians levou o caneco, após um incontestável 3 a 1.
A derrota desencadeou uma série de mudanças muito grandes. No ataque, Serginho Chulapa foi vendido ao Santos e Careca chegou em seu lugar. Mas seu início não foi nada fácil. A torcida não queria colaborar, ele perdeu dois pênaltis em um mesmo jogo e foi para a reserva. José Carlos Serrão substituiu Poy no ano seguinte, mas na rodada seguinte Mário Travaglini já era o novo treinador. Este ficou um ano de 1983, que foi sem muito a ser comemorado. No ano seguinte, Otacílio Pires de Camargo, o Cilinho, vem das categorias de base com carta branca para mudar o que quiser. Ele obedeceu e não se arrependeu. Ali, surgia os Menudos do Morumbi.