Anos 2.000

 

Em 2001, o São Paulo conquistou o inédito Rio São Paulo. Kaká fez os dois gols na virada contra o Botafogo, na final. Foi vendido por 7 milhões de euros em 2003, ao Milan. Sílvio Berlusconi adorou a contratação, dizendo que comprou um caminhão de ouro a preço de banana. E é verdade. Foi a sensação do Brasileirão de 2002, quando conseguiu uma série de dez vitórias em dez jogos e trinta e um gols marcados. Mas foi eliminado pelo Santos. No ano seguinte, foi o terceiro colocado, atrás de Cruzeiro e Santos. E em 2004 o São Paulo começaria a “reacordar”.

 

Após perder a semi final da Libertadores de 2004 para o Once Caldas, o São Paulo começou a reformular completamente o time. Contratou: Cicinho, Grafite, Fabão, Danilo, Rodrigo, Marquinhos e Vélber. Só estes três últimos eram reservas. No ano seguinte, chegariam Mineiro e Josué, que formariam uma excelente dupla de volantes, e Luizão, que seria muito importante na conquista da Libertadores. Após a terceira colocação no brasileirão de 2004, a equipe se classificava para a Libertadores de 2005. Antes, no Paulistão-05, o São Paulo passeou na competição, com 14 vitórias em 19 jogos. Na Libertadores, com três vitórias e três empates, o São Paulo se classificou com a quinta melhor campanha. Leão, que havia se demitido na primeira fase, foi substituído por Paulo Autuori, na minha opinião, o segundo maior treinador da história do São Paulo, depois de Telê Santana. Nas oitavas de finais, contra o Palmeiras, 12ª melhor campanha, foi batido na ida, com um golaço de Cicinho a mais de 30 metros de distância, no Palestra Itália. Na volta, no Morumbi, 2 a 0, com dois gols de falta, um de Ceni e outro de Cicinho. Nas quartas de finais, o adversário seria o Tigres, do México. No primeiro jogo, o São Paulo fez 4 a 0 em trinta minutos e relaxou. Quase foi castigado na volta. Perdia por 2 a 0 e o Tigres ainda tinham bastante tempo para fazer 4 a 0, mas Souza diminuiu e minou qualquer chance do Tigres tornar-se uma zebra. Mas Grafite se machucou, e Tardelli, reserva imediato, estava na Seleção Brasileira sub20.

 

E o São Paulo correu atrás de um reforço. Afinal, o adversário na semi final seria o temido River Plate, da Argentina. E Amoroso chegou. Amoroso se reencontrava com Luisão. Os dois tinham feito sucesso no início da carreira com o Guarani. E eram velhos amigos. Danilo e Rogério Ceni marcaram os gols da ida, com Luizão e Amoroso resgatando os momentos de brilho vistos no Bugre em 94. Na volta, em pleno Monumental de Nuñez, o São Paulo fez 3 a 2 no River, mesmo estando praticamente classificado. E pela primeira vez dois clubes de um mesmo país fariam a final da Libertadores, antes proibido pela Conmebol. No primeiro jogo, o empate por 1 a 1 com o Atlético PR. No segundo, o São Paulo massacrou os paranaenses por 4 a 0. E o terceiro gol foi um dos mais lindos da história do Morumbi.

 

“Aos 25 minutos, algo que era comum em 1994, quando Amoroso e Luisão vestiam a camisa verde do Guarani, voltou a acontecer. E desta vez, para a alegria de milhões. Amoroso parou na direita do ataque, em frente ao lateral. Convidou para dançar, deu um toque no fundo, alcançou a bola e a cruzou no segundo pau. Cabeçada certeira de Luisão. Três a zero.”

 

“Logo em seguida, os dois são substituídos. Saem de campo sob aplausos alucinados e lágrimas incontroláveis. Amigos de muito tempo, alcançavam a glória. E sabiam que a parceria seria desfeita em breve. Luisão, desde o início do ano, havia acertado sua transferência e iria para o futebol japonês.” Luis Augusto Simon e Marcelo Prado

 

Os outros gols foram de Amoroso, Fabão e Diego Tardelli. Com o título conquistado, reagiu no Brasileirão, no qual andava atuando com reservas, e acabou na décima primeira colocação.

 

O Mundial Interclubes seria disputado em um novo módulo. Haveria um representante de cada continente. Da África, seria o Al Ahly; Ásia, Al Ittihad; Oceania, Sydnei; Américas Central/Norte, Saprissa; e os favoritos, Liverpool (Europa) e o São Paulo (América do Sul). Previa-se que Saprissa, Al Ahly, Al Ittihad e Sydnei brigariam pelo terceiro lugar em igualdade, enquanto o Liverpool seria o campeão em cima do São Paulo. Nas semi finais, o São Paulo passou com dificuldade sobre o Al Ittihad, que havia derrotado o Al Ahly. O São Paulo havia treinado o jogo aéreo ao extremo, por causa do tradicional chuveirinho britânico e também de Peter Crouch, 2,01 m de altura. O São Paulo emperrou na defesa, para jogar no contra ataque, coisa que estava decidido para a final. Mas Rogério Ceni converteu um pênalti no fim do jogo e chegou á final, com uma vitória por 3 a 2.

 

Mas havia uma preocupação. Quem toma dois gols do Al Ittihad, da Arábia, o que pode fazer contra o Liverpool, da Inglaterra?

 

Resposta: Um jogo perfeito. Armado no 3-6-1, passou a primeira meia hora encurralando o goleiro Reina, até conseguir um golaço com Mineiro, que após arrancada do meio, recebeu de Aloísio, e tocou na saída do goleiro, sendo perseguido por vários defensores na desesperada corrida. Gol. Depois, o São Paulo se fechou na defesa e Rogério Ceni fez a melhor atuação de um arqueiro com o Manto Sagrado do São Paulo. Como não se lembrar da falta cobrada por Gerrard aos 7 minutos da etapa final, magistralmente defendida por Rogério Ceni? O Liverpool conseguiu seus gols, todos anulados corretamente. O primeiro e o segundo por impedimento, o terceiro por uma falta cometida em Lugano pouco antes do gol. E Gerrard teve de engolir sua arrogância. Antes do jogo, havia dito: “Não viemos de tão longe para sermos derrotados por um time brasileiro”. Acontece que esse time brasileiro era o São Paulo de Rogério Ceni, do deus da raça Lugano, de Mineiro e Josué, do pequeno Cicinho, mestre em chutes de longe, de Danilo, importantíssimo na Libertadores, do matador Amoroso, artilheiro do Mundial, e Aloísio, que foi quem deu o perfeito passe para Mineiro decretar a vitória Tricolor.

 

O jogo foi a despedida de Autuori e Amoroso. O primeiro assinou contrato com o Kashima Antlers, maior e melhor time japonês, e o segundo foi para o Milan.